sábado, 4 de dezembro de 2010

SARAVÁ IANSÃ!

4 de Dezembro. Data consagrada à grande guerreira, senhora das tempestades. Ponho meus joelhos em terra para pedir proteção ao mundo!

PRECE A IANSÃ

Saravá Iansã a grande guerreira, Orixá do raio e do vento, que ajuda com sua energia vencer as lutas e as dificuldades.

Saravá Senhora Rainha dos ventos proteja todos nós.


Oyá Deusa do rio Niger, senhora dos ventos e das tempestades. Coloco em tuas mãos minhas ações na luz de tua luz, eu te consagro todos os minutos e horas desse dia, meus trabalhos, minhas preocupações, meus desejos, os meus lazeres são teus.


Daí - me hoje a tua luz poderosa para que eu compreenda todo bem que preciso fazer e tenha força para não ceder o mal que tenta bater em minha porta, que eu consiga ser mais fraterno, mais irmão, mais compreensivo e capaz de perdoar.


Dirija meus passos no caminho do bem e do amor, e hoje mais que ontem todos nós possamos contar com sua orientação, com a tua benção, com o teu amor.


Com tua espada haveremos de cortar as demandas dos invejosos, dos falsos, dos inimigos, dos olhos grandes, que necessitam de enxergar a verdade.


Dando conformação aqueles que sofrem, com a força dos teus raios, nós te pedimos, que acenda a chama da vida dos que estão desenganados, de a eles força para continuar lutando na cura de seus males.


Saravá Iansã majestosa Senhora a vossa proteção em vosso louvor em brado unidos saudamos.


EPARREI OYÀ!

Iansã, a mulher búfalo

Ogum tinha o hábito de caçar na floresta, todos os dias. Certa manhã quando andava pela mata, um búfalo atravessou seu caminho rápido como um relâmpago; percebendo que era um animal diferente daqueles que conhecia, passou a segui-lo. O búfalo parou em cima de um grande formigueiro, baixou a cabeça e despiu sua pele, transformando-se numa linda mulher.


Era Iansã, coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre, fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro, escondeu-a no formigueiro e partiu em direção ao mercado, sem perceber que alguém tinha assistido sua transformação. Assim que ela se foi, Ogum se apoderou da trouxa, levou para casa e a escondeu em seu celeiro. Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e começou a cortejá-la, sem obter resultado.

Ao anoitecer ela voltou à floresta e, para sua surpresa e desespero, não encontrou a trouxa. Retornou à cidade e encontrou Ogum, que lhe disse estar de posse daquilo que procurava. Para resguardar seu segredo, Iansã foi obrigada a se casar com ele. Apesar da raiva por ter que ceder a uma chantagem, conseguiu estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais, proibi-lo de comentar o assunto com qualquer pessoa.

Chegando a casa Ogum explicou à suas outras esposas que a nova mulher iria morar com ele e que, em hipótese alguma, deveriam insultá-la. Tudo corria bem, mas enquanto Ogum saía para trabalhar, Iansã passava o dia procurando sua trouxa.

Dessa união nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis. Uma delas, conseguiu embriagar Ogum e ele acabou relatando o mistério que envolvia Iansã. Logo que o marido se ausentou, elas se juntaram e, entre palmas e risos, começaram a cantar: "Você pode beber, comer e exibir sua beleza, mas a sua pele está no depósito, você é um animal nojento!". Ao ouvir a cantiga Iansã ficou transtornada de ódio e imediatamente foi ao celeiro onde encontrou sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e avançou para cima de todos numa fúria cega, poupando apenas seus filhos.

Nesse dia decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a acompanhassem. Deixou com eles seus chifres e orientou-os para que, em caso de perigo, batessem os chifres um contra o outro; obedecendo a esse chamado ela viria de onde estivesse para socorrê-los imediatamente. É por esse motivo que os chifres estão presentes nos assentamentos de Iansã em todos os candomblés.

Eparrêi Oyá!

Características dos filhos de Iansã

O filho de Iansã chama a atenção por ser do tipo inquieto e extrovertido. Não admite ser contrariado, pouco importando se tem ou não razão, pois não gosta de dialogar. Prefere sempre impor sua vontade. Mostra-se quase sempre alegre e decidido, mas quando . questionado de forma inadequada pode tornar-se violento, partindo para a agressão, com berros, gritos e choro.

Odeia todo tipo de preconceito e passa por cima de qualquer um para defender a bandeira que estiver sendo ofendida. Muito verdadeiro e transparente não consegue disfarçar seus sentimentos, sejam eles de alegria ou tristeza. Enfrenta qualquer situação de maneira despojada e decidida. É leal e objetivo. A garra talvez seja sua maior qualidade, mas seu grande defeito é a franqueza dita sem qualquer cuidado, o que quase sempre o torna inconveniente no convívio social.

É muito competitivo, agressivo e sujeito a enormes ataques de cólera. Não teme tomar atitudes que possam mudar sua vida radicalmente por um sonho, aventura ou ideal.

As vezes torna-se maquiavélico e trama grandes vinganças, no entanto não consegue agir por muito tempo nos bastidores, logo sua tendência à guerra o faz mostrar-se por inteiro ao inimigo, já que prefere a luta cara a cara.

A vida sentimental de um filho de Oiá é marcada por súbitas e enormes paixões que assim como começam de forma intempestiva, terminam de forma abrupta sem deixar resquícios de mágoa ou tristeza.

Gosta do sexo, mas não faz dele sua razão de vida. Procura o relacionamento duradouro, mas não se intimida se tiver que abandonar tudo que construiu ao lado de alguém que ousou trair sua confiança e partir para novas descobertas.

É incapaz de perdoar uma traição e o ciúme é a pedra fundamental de seus relacionamentos. Pode ser facilmente reconhecido pelo temperamento forte e arrasador como os ventos de sua mãe.   

Eparrei Oyá!

Lenda de Ibeji

Xangô e Iansã tiveram filhos gêmeos, os Ibejis. As crianças eram lindas e cresciam fortes para alegria e orgulho de seus pais. Houve, porém, na cidade em que viviam, uma peste avassaladora que infectava e matava crianças em poucas horas.


Para desespero de Iansã, um dos gêmeos foi vitima da doença e morreu sem que ninguém pudesse fazer nada para salvá-lo.

Iansã, a partir desse dia, entrou em profunda depressão, a vida já não apresentava motivos para seguir adiante. Soprou o vento que sempre trazia, para longe e já não comandava as grandes tempestades que passaram a destruir de forma implacável todas as terras. Em um de seus desvarios, arrumou um boneco de madeira e vestindo-o de maneira esmerada, colocou-o num lugar de honra em sua casa. Era o canto sagrado que ninguém podia transpor apenas ela podia ali entrar acompanhada de sua mágoa e dor.

Todos os dias entregava um pequeno presente aos pés do boneco e chorava copiosamente enquanto conversava como se fosse seu pequeno filho. Olorum, ao ver tamanha tristeza, teve tanto dó da mãe sofredora, que uma lágrima pura e límpida caiu de seus olhos exatamente sobre a cabeça do boneco. A pequena gota mágica fez o menino reviver e Iansã teve seu filho de volta.

Ainda hoje os Ibejis com sua alegria infantil. correm pelos jardins do Orum, sempre observados com doçura pelo amoroso olhar materno da grande guerreira. 

Iansã salva Xangô

Certa ocasião Xangô foi convidado para uma grande festa em sua homenagem que se daria num reino bem distante do seu. Muito comovido e alegre por tal acontecimento, preparou-se para a longa viagem.


Ao se despedir de Iansã, sua esposa, deixou-lhe uma cabaça mágica, recomendando que ela sempre a olhasse, pois se algo acontecesse com ele a cabaça mostraria.

A festa era na verdade um grande engodo preparado pelos seus inimigos para fazê-lo cair numa mortal armadilha. Totalmente despreparado para uma luta, já que fora convidado para uma homenagem, Xangô foi derrotado e lançado à prisão por seus adversários.

Após vários dias de sua partida a esposa resolve olhar para a cabaça e toma um susto. Na água límpida vê seu marido atrás das grades. Na prisão, Xangô sente que a mulher descobriu tudo e imediatamente eleva o pensamento à Olorum e, pedindo sua ajuda, provoca uma grande trovoada para que ela o encontre. Iansã ao escutar o intenso barulho riscou um circulo mágico e citando os encantamentos que só ela conhecia ergueu as mãos para o céu e chamou todos os ventos e raios dos quais era dona. Nesse momento, na cadeia, um raio poderoso arrebenta o cadeado da cela e Xangô corre para a liberdade.

Chegando à rua e olhando para o céu, vê sua mulher chegando no meio de um enorme tufão. Ela, com carinho, o puxa pela mão, fazendo-o montar no vento e o leva em segurança para o palácio real. Desse modo, Iansã, com seus poderes de guardiã das tempestades, salvou Xangô que se tornou eternamente agradecido à mulher que ama. A partir desse dia, nunca mais se separaram. Não há tempestades sem raios, ventos e trovões. O belo casal permanece unido!

Iemanjá é salva por Iansã


Exu foi chamado ao reino de Olokun, senhor dos mares, para um trabalho que somente ele poderia realizar. Ao chegar à sala do trono ficou encantado ao conhecer Iemanjá, a filha do rei, que andava pelo salão a procura de uma jóia que tinha perdido. A beleza da moça era indescritível e Exu sentiu o ardor da paixão queimar-lhe o peito. Saiu determinado a cumprir a missão e voltar o quanto antes para pedir a mão da princesa. Nunca ele fora tão rápido no cumprimento de uma tarefa quanto naquela. Em dois dias estava de volta apresentando as provas do sucesso da empreitada. Olokun ficou contentíssimo e ofereceu ao rapaz grandes riquezas, mas este foi inflexível. A ele somente interessava casar-se com Iemanjá. O monarca ficou extremamente irritado com tamanha audácia e mandou que o colocassem para fora de seus domínios. Exu jurou vingança. Nunca ninguém o tinha tratado daquela forma e não engoliria a desfeita tão facilmente. Durante semanas nada mais fez a não ser arquitetar um plano para raptar a princesa. Certa manhã, Iemanjá com um imenso séquito, passeava pelas areias da praia, quando um imenso buraco se abriu a seus pés e a tragou para seu interior. Foi tudo tão rápido que ninguém pode fazer nada. A fenda se fechou como se ali nada jamais houvesse acontecido. Os escravos desesperaram-se, como contar ao rei o sucedido? Certamente seriam mortos sem piedade. Não havia quem não conhecesse a fúria real. Pensando dessa forma todos fugiram e nunca mais apareceram para testemunhar o ocorrido. Enquanto isso nas profundezas da terra Exu desvelava-se em carinho e atenção para ganhar o amor de Iemanjá. Desesperado com o sumiço da filha o velho rei foi procurar um Babalaô que he contou exatamente o que tinha acontecido e o aconselhou a procurar por Iansã, jovem guerreira que nada temia e por sua rara beleza poderia granjear a simpatia de Exu. Iansã foi chamada e prontificou-se a buscar a jovem. Providenciou uma oferenda a Ifá, pedindo proteção e força e partiu para o resgate. Depois de muito andar sentiu sob os pés a quentura que denunciava a presença do seqüestrador. Brandiu sua espada no ar, chamando os raios de seu domínio, e enfiou-a na terra com toda a força. Uma cratera se formou e a guerreira foi descendo lentamente. Logo avistou a bela moça sentada a um canto chorando copiosamente, a seu lado Exu afagava-lhe os longos cabelos fazendo juras de amor eterno.
- Vim buscar a princesa! - Seu tom de voz não deixava dúvidas, viera disposta a tudo.
- Como ousa invadir meu reino e ainda por cima ditar-me ordens? - Exu gritava descontrolado - Minha princesa daqui não sai! - Apontou para os pés de Iansã e um circulo de fogo se formou em torno dela impedindo seu avanço.
- Não discutirei com você, peço a intercessão de Orunmilá, para cumprir a missão para a qual fui incumbida!
Raios começaram a se espalhar por todo o espaço, uma ventania muito forte envolveu o corpo de Iansã, que assim chegou perto da moça que a tudo assistia perplexa. O homem foi jogado contra uma parede atingido pela violência do vento. Um redemoinho as envolveu transportando-as para o reino de Olokun. O mar se abriu dando passagem para o pequeno tufão cavalgado por Iansã. Dos olhos do rei correram lágrimas de alegria e gratidão quando avistou em meio ao tormento o rosto da querida filha. Iemanjá e Iansã tornaram-se amigas pela eternidade. Exu ainda está no interior da terra, algumas vezes chora por uma e pragueja contra a outra. Hoje muitos terreiros cantam que em pleno mar havia duas ventarolas. É a essa história que se referem! 

4 de dezembro - Dia de Iansã


Oração a Iansã


Iansã, mãe e senhora dos ventos e tempestades, das horas aflitas e das almas perdidas.Dona de todas as direções. Operosa divindade em prol dos desígnios dos filhos de caídos sem norte e vontade.Piedade para nós, criaturas que vivemos, à beira das tentações, dos abismos, alheios ao amor do pai Olorum.Mãe, empresta-nos tua decisão e tua coragem, para o encontro do nosso próprio ser.Daí-nos um roteiro de esperança e triunfo. Erradicai a pobreza dos nossos sentimentos, orienta-nos para a verdade, dentro do caminho de devoção ao supremo doador. Encoraja-nos senhora dos raios, para que nossa própria mente, siga uma só direção: amar a Olorum. 
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