quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

(13/01/2011 Salvador festeja Senhor do Bonfim e pede a benção a Oxalá




Igreja do Senhor do bonfim

Fiéis reverenciam a Igreja do Senhor do Bonfim.

Fitas do Bonfim, jarros de água de cheiro, crucifixos, oferendas. Muita música, dança, comidas e bebidas. Misto de fé, devoção e folia. É assim a Lavagem do Bonfim. A tradicional festa, realizada todos os anos em Salvador (BA), faz parte do calendário baiano e atrai gente de todo o país para cumprir promessas, fazer pedidos, homenagear o santo e orixá ou simplesmente cair na gandaia.
Centenas de mães e pais de santo, seguidores do candomblé, católicos ferrenhos, soteropolitanos e turistas se reúnem em frente à Igreja da Conceição da Praia, na Cidade Baixa, para o início do cortejo. A multidão vestida de branco canta o hino do Senhor do Bonfim e participa do culto ecumênico que acontece todos os anos na segunda quinta-feira de janeiro (13/01/2011).

na Igreja da Conceição da Praia

Milhares de pessoas participam do culto ecumênico na Igreja da Conceição da Praia.

Pomba simboliza a paz na Lavagem do Bonfim

Pomba simboliza a paz na Lavagem do Bonfim.

O cortejo sai logo após o culto, por volta das 9h da manhã. As baianas vão à frente, seguidas por políticos, grupos culturais, bandas, grupos de amigos que percorrem os 8km até a Igreja do Bonfim, onde é realizada a lavagem. Nas escadarias, as baianas jogam a água de cheiro, mistura de água, alfazema e flores, para purificar o templo que guarda o santo de maior devoção dos baianos. Apesar da igreja ficar fechada no dia da festa, no ano passado a imagem do Senhor do Bonfim foi mostrada pela janela do templo pela primeira vez.

Baianas puxam o cortejo

Baianas puxam o cortejo.
A chegada à Colina Sagrada e a lavagem da escadaria são o ponto alto do cortejo. Mas há quem fique pelo meio do caminho, entre barracas de comidas e bebidas para curtir os grupos musicas que passam em direção à igreja. Os trios elétricos não fazem mais parte da festa. Foram proibidos em 1998, na tentativa de preservar as tradições históricas da festa. Mas bandas de sopro e carros de som fazem a multidão pular no ritmo do carnaval numa festa que não tem hora para acabar.

Os Filhos de Gandhi

Os Filhos de Gandhi animam o percurso da Igreja da Conceição da Praia ao Bonfim.

Carroças são usadas no cortejo

Carroças são usadas no cortejo.

De Portugal para a BahiaA Lavagem do Bonfim teve origem em uma promessa de um navegador português em apuros. Segundo contam historiadores, o capitão Teodósio Rodrigues de Farias, em meio a uma tempestade, invocou o Senhor do Bonfim e prometeu construir uma capela se fosse salvo. Ao chegar com vida à Bahia, cumpriu sua promessa: encomendou uma imagem do santo medindo 1,06 metro de altura, cópia do crucificado da igreja de Setúbal, cidade do capitão, e iniciou a construção de uma capela na colina de Mont Serrat.

Quando a igreja ficou pronta, a imagem do Senhor do Bonfim foi levada para o templo, em procissão. Foi instituído o segundo domingo de janeiro como o dia de devoção ao Senhor do Bonfim. Para que no dia da festa a igreja estivesse perfeita, na quinta-feira anterior era realizada a lavagem do templo. Foi assim que teve início a Lavagem do Bonfim.

No final do século XIX, a Arquediocese de Salvador proibiu a limpeza no interior da capela, que permanece fechada durante o festejo. As baianas então começaram a lavar as escadarias com água de cheiro como símbolo de purificação. Com o passar dos anos, a Lavagem do Bonfim começou a atrair pessoas de todas as religiões. No candomblé, o Senhor do Bonfim é Oxalá, deus associado à criação do mundo, alheio à violência, disputas e brigas. O branco, de uso quase obrigatório na Lavagem, é uma menção direta ao pai de todos os orixás.

Um tapete branco se forma nas ruas da Cidade Baixa

Um tapete branco se forma nas ruas da Cidade Baixa.
Tradição da Fita do Bonfim

Fitas com pedidos de fiéis enfeitam as grades da Igreja do Bonfim

Fitas com pedidos de fiéis enfeitam as grades da Igreja do Bonfim. Foto: Marina Silva

As tradicionais fitinhas do Senhor do Bonfim vendidas a cada esquina de Salvador tem origem em 1809. Inicialmente eram usadas apenas para o auxílio de medidas e registros. Com o passar do tempo, a fitinha colorida ganhou novo significado. Vendida como lembrança da Bahia, guarda o caráter supersticioso do povo baiano: ao amarrar a fita no braço, a pessoa dá três nós e faz um pedido a cada nó. Diz a tradição que quando a fita cair espontaneamente é porque os desejos serão atendidos pelo Senhor do Bonfim. Mas atenção: não vale contar os pedidos nem cortar a fita. Ela tem que partir sozinha. Axé!!!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...